domingo, outubro 15, 2006

Geração Metamorfose - Luis Sousa

Estudantes e uma mesa de conferencistas, mais ou menos conhecidos, interrogam-se: Para que serve a Arquitectura?
O homem dos quarenta anos de projecto exalta o lobby a que pertence. Com um elogio ao Estádio do Braga e uma facada à Casa da Musica, põe a desnudo a sua preferência pelo Star System Portuense como modelo da arquitectura contemporânea.
Apressado corre o seu discurso na procura dos culpados pela triste realidade que deflagrou no reduto Luso da Península. Encontra-os, e não são muitos os vis violadores da estética e da função arquitectónica. As Revistas e as Novas Escolas de Arquitectura em Portugal. Antes que consigam ter tempo para provar a inocência, assumiram a culpa formada pelo flagelo instalado. As Revistas Baratas são as arguidas que esperam as maiores penas, sempre exibidas em qualquer quiosque ou tabacaria, elas que à meia dúzia de anos instigam os estudantes das novas escolas de arquitectura a destruir a paisagem portuguesa com arquitectura que não cumpre a cartilha modernista portuense.
Os estudantes desconcentrados batem palmas a esse discurso que acaba de os tentar hipotecar. Sim hipotecar. A primeira parte que fica letrada ao destino é a criatividade e a liberdade, que com modelos e soluções tipo, apenas sobrevive com pequenas artimanhas para escapar do lápis azul da censura à não arquitectura, com que as Revistas e as Novas Escolas insistem em contaminar um mundo perfeito projectado pelos senhores da aresta albina em prado verde. A restante parte a hipotecar é o prestigio e a saúde mental do jovem arquitecto. Acaba de ser enxovalhado pela voz de um interesse instalado e não pára para se questionar se a humanidade terá chegado ao ponto de ruptura evolutiva? É que esse será porventura o único motivo para se assumir modelos e para fustigar as novas opções pedagógicas e práticas.
Ao jovem arquitecto cabe agora a escolha, ou embarca neste lobby instalado onde apenas será mais um à espera que um dos Deuses Arquitectónicos lhe dê a mão e o torne um semi-deus com aspirações a seu sucessor, ou assume as suas próprias verdades, mutáveis como o mundo a que pertence e onde a única diferença entre certo e errado é o tempo.
A geração da metamorfose ideológica, processual e conceptual somos nós, não olhemos para a mudança com distanciamento e repulsa, pois ela urge e não se compadece com a cobardia dos que a anseiam.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Parabéns pela iniciativa!

Penso que falta muita irreverência e uma leitura crítica na arquitectura, no design e processos criativos.

Vou ficar atento ao vosso trabalho aqui no Blog.
Um abraço,


Gonçalo Henriques,
x-ref.org

01 novembro, 2006 17:00  

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