domingo, outubro 29, 2006

Os truques de um Mestre - Luis Sousa



Rem Koolhaas é uma das personagens mais controversas do panorama arquitectónico mundial. Conseguir alguma notoriedade sem ter construido ou mesmo projectado um unico edificio, fez de Koolhaas uma excepção à partida. A sua analise e interpretação de um mundo dominado pelo lobby capitalista, fez com que muitos o criticassem e acusassem de cinismo ao longo da sua carreira que desde da decada de 80 se começou a materializar em edificios singulares que estabeleciam uma critica aos contextos sócio-culturais em que se edificavam, tentando reinventar programas por muitos resolvidos de forma standart.
Porém a carreira de Koolhaas não foi um trajecto rectilineo em direcção ao sucesso. A sua actividade conheceu um interregno em termos de prática quando todos menos esperavam. Este acontecimento, revelou-se na realidade o ponto zero para a verdadeira ascensão do holandês, que entrou num periodo de introspecção que o levou a Harvard para leccionar e dessa forma aprofundar os seus conhecimentos sobre a sociedade contemporânea. Levou então a cabo estudos a sobre a àrea envolvente de Hong Kong, que se encontrava num crescimento economico e demográfico acentuado, e analisou o impacto do fenómeno do consumismo na evolução da sociedade. Esta introspecção fez com que Koolhaas ganha-se mais do que aquilo que era de esperar. Este seu conhecimento aprofundado sobre as dinâmicas que movem e desenvolvem o mundo, permitiu-lhe ponderar determinadas situações fundamentais ao seu sucesso como arquitecto.
Na viragem do século o Holandês conhece o seu periodo de maior produtividade e reconhecimento publico, com edificios de escala monumental. Em 1999 faz o impensável ao ganhar os concursos internacionais para a Biblioteca Publica de Seatle e para a Casa da Musica no Porto. No caso do espaço musical portuense Koolhaas partiu à partida com a vantagem politica por ser oriundo da cidade homologa do Porto como Capital Europeia da Cultura, Roterdão. Porém a concorrência não esteve a altura do arrojo criativo do holandês que apenas encontrou como adversários Perrault com uma caixa de vidro e Vinõli com um projecto singelo que valorizava sobretudo a linha limite do quarteirão.
Depois de vencer estes dois importantes concursos Koolhaas vê-se consagrado com o Pritzker e entra no novo milenio com uma jogada de génio. Quem do Star System Mundial concorreu com o Holandês para o projecto do CCTV de Pequim? Pois é, Koolhaas viu a evidencia, quando todos se ocupavam com o projecto do Novo World Trade Center, ele afastou-se dessa guerra conhecendo o conservadorismo de Nova Iorque. Afinal onde está agora a materialização do projecto vencedor de Daniel Libeskind??? Não está, pois o Capitalismo Norte Americano sobrepôs-se ao arrojado projecto do arquitecto judeu. Enquanto todos se encontravam fixados em Nova Iorque, Rem Koolhaas olhava para Pequim e ganhava uma competição que lhe iria possibilitar construir um dos mais incríveis edificios do mundo, numa cidade cheia de oportunidades, que lhe valeram já mais dois projectos em solo chinês.
É nestes pormenores que se decidem os grandes feitos, e Koolhaas trasformou aquilo que parecia complicado em simples através de uma boa análise e de um olhar racional e lógico sobre o mundo que o rodeia.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial